Escrevi o texto abaixo para o programa de “Inocência”, de Dea Loher, que vamos estrear nos Satyros 1 no dia 19/10. Haverá um ensaio aberto no dia 13/10. Estou muito ansioso e muito apaixonado pelo novo espetáculo. Espero que todos saiam do teatro tão impressionados, envolvidos e tocados, como estamos nós, artistas integrantes do projeto.
“Inocência”
Está perto a estreia. Muitos são os medos. O espetáculo é desafiador. Tanto quanto o texto de Dea. Rodolfo é um diretor consistente, lógico e ousado. Dialoga com a obra e com seus atores e desse triângulo de conversas vai forjando a identidade da encenação. Dezenas de improvisações resultam nas linhas mestras. Busca sempre o não trilhado. Cria uma encenação de perspectivas tortas. Multimídia e artesanal. Uma montagem complicadíssima para o elenco. Além do palco há os bastidores. A operação do cenário, das cortinas, do projetor de vídeo, do retroprojetor, o transporte dos equipamentos para dentro e para fora do palco. Lamento que a plateia não possa ver a coreografia alucinada e magnífica que acontece na coxia. “Inocência”. De novo histórias que se cruzam, à maneira de “A Vida na Praça Roosevelt”. Mas um outro universo que se desvenda. Ideias à deriva, gente infeliz, culpada, frustrada, autodestrutiva. Tudo isso plasmado pela poesia poderosa de Dea Loher, a poeta do abismo, que vê luz, e humor, nos tempos escuros em que vivemos. Do elenco coeso, o mesmo da “Praça Roosevelt”, mais Silvanah Santos (1) e Rui Xavier (2) , temos uma disponibilidade para o mergulho, o risco, que só o trabalho em continuidade proporciona. Neste momento, a trupe de “Inocência” é forte e sintonizada. Não poderia ser de outra forma. A “Inocência” de Rodolfo é o espetáculo mais coletivo que se pode imaginar. Nos meus muitos anos de teatro, nunca atuei em (e poucas vezes vi) um trabalho onde tudo dependesse tanto de todos. Temos muita coisa a fazer ainda, antes de abrir as portas para o público. Mas no fim toda a adrenalina terá valido. Já se pode sentir que a poesia do espetáculo que está nascendo, equivalente à da peça, promete tornar a montagem uma experiência empolgante e única. De inquietante beleza. Sejam bem vindos a mais esta aventura única: “Inocência”.
Escrito por Alberto Guzik às 12h15