Douglas Adams (1) era um gênio. Ele escreveu isto há 26 anos:
“O principal problema – um dos principais problemas, pois são muitos –, um dos principais problemas em governar pessoas, está em quem você escolhe para faze-lo. Ou melhor, em quem consegue fazer com que as pessoas deixem que ele faça isso com elas.
Resumindo: é um fato bem conhecido que todos os que querem governar as outras pessoas são, por isso mesmo, os menos indicados para isso. Resumindo o resumo: qualquer pessoa capaz de se tornar presidente não deveria, em hipótese alguma, ter permissão para exercer o cargo. Resumindo o resumo do resumo: as pessoas são um problema.”
Douglas Adams
‘O Mochileiro das Galáxias’/ ‘O Restaurante no Fim do Universo’, cap. 28
Escrito por Alberto Guzik às 11h25
(1) Douglas Noël Adams (Cambridge, 11 de março de 1952 — Santa Bárbara, 11 de maio de 2001) foi um escritor e comediante britânico, famoso por ter escrito esquetes para a série televisiva Monty Python’s Flying Circus, junto com os integrantes desse grupo de humor nonsense, e pela série de rádio, jogos e livros The Hitchhiker’s Guide to the Galaxy.
Os fãs e amigos de Adams o descreveram também como um ativista ambiental, um assumido ateísta radical e amante dos automóveis possantes, câmeras, computadores Macintosh e outros ‘apetrechos tecnológicos’. O biólogo Richard Dawkins dedicou-lhe seu livro The God Delusion e nele descreve como Adams compreendeu a teoria da evolução e, tornou-se um ateísta. Adams era um entusiasta de novas tecnologias, tendo escrito sobre email e usenet antes de tornarem-se amplamente conhecidos. Até o fim de sua vida, Adams foi um requisitado professor de tópicos que incluíam ambiente e tecnologia. Autor de “O Mochileiro das Galáxias”, primeiro de uma série de cinco livros, cuja origem foi um programa de radio homônimo.
emily dickinson
Emily Dickinson (1) escreveu isto, que reproduzo na tradução de Cecília Meirelles (2) e do que restou dela em minha memória:
“Morri pela Beleza, e mal meu corpo
na cova estava depositado, outro,
que morreu pela Verdade,
foi posto do outro lado.
‘Por quê morreste?’, perguntou-me então.
‘Pela Beleza’, respondi-lhe eu.
‘E eu pela Verdade. Ambas se valem.
Somos ambos irmãos.’
E assim, paredes-meias, conversamos
Quais parentes que a noite congregasse,
Até que o musgo nos cobrisse os olhos
E nossos nomes no mármore apagasse.”
Li outro dia, não sei onde, um comentário segundo o qual a mulher que escreveu o poema acima, que tinha essa sensibilidade e criou sua pequena obra reclusa em uma fazenda na Nova Inglaterra, EUA, no século 19, levando uma vida completamente discreta e apagada, não é um poeta de qualidade. Fiquei me perguntando o que é um poeta de qualidade. E também gostaria de saber quem determina isso? O gosto dos senhores críticos? Será que esse texto que eu reproduzi, e que me acompanha desde que, no fim da adolescência, descobri Emily Dickinson, não é poesia? Então poesia será o quê?
Escrito por Alberto Guzik às 11h38
(1) Emily Dickinson ( 1830-1886), poeta americana, pouco publicada em vida, mas posteriormente alçada ao panteão dos grandes poetas americanos. Viveu a maior parte da vida reclusa, evitando até sair de seu quarto, nos últimos anos de vida. Sua poesia tem elementos de modernidade que a aproxima mais da sensibilidade dos leitores do século 20 do que a de seus contemporâneos.
(2) Cecília Meireles ( 1901-1964). Pintora, professora, jornalista, tradutora – uma das maiores poetas brasileiras. Entre suas dezenas de livros, destacam-se O Romanceiro da Inconfidência (1953) e sua Poesia Completa, editada pela Aguilar(1973 e 2001 – edição do centenário, em dois volumes).