De 07 de de junho de 2006 a 15 de fevereiro de 2010, Alberto Guzik manteve um blog chamado Os Dias e as Horas. Como todo blog não patrocinado, as postagens seguiam a periodicidade do desejo, mas também a do possível. Entre aulas, ensaios, apresentações e inúmeras outra atividades profissionais ou não, Alberto registrou não só sua vida, mas os meios pelos quais circulava e as manifestações artísticas a que tinha acesso.
Mais que um crítico, Guzik sempre foi um pensador da Arte. A crítica era apenas uma parte da interlocução permanente que ele mantinha com livros, discos, peças, exposições. Com o fim de sua trajetória como crítico em jornal, o blog passou a ser um escoadouro para sua reflexão por escrito. Sua relação com as obras de arte já havia sido a base de todo um conjunto de contos, publicados com o título O Que É Ser Rio e Correr.
Estes posts servem como um registro dos últimos anos da vida de Guzik, mas também como um testemunho privilegiado sobre a cena paulista. Além disso, cada citação e reflexão vale como uma dica, dita ao pé do ouvido, para os alunos que, de alguma forma, todos éramos a seu redor, mesmo depois que a intimidade e o cotidiano esmaeciam a capa de sisudez e mal-humor que ele cultivava como uma forma de manter sua privacidade.
Decidimos republicar Os Dias e As Horas de uma forma diferente. Ao invés de disponibilizar todos os textos de uma vez, vamos publicá-los um a um, como se acabassem de ser escritos. Na verdade, vamos reunir todos os posts de cada dia em um único; como resultado teremos um número menor de entradas, mas todos os textos serão publicados.
Para facilitar a compreensão – e aproveitar a oportunidade para transformar os textos também em material didático – colocamos como hiperlinks informações que julgamos pertinentes: biografias, links, textos citados por Alberto, etc. Quando a informação se repete, deixamos apenas na primeira menção, crendo que esse blog será ligo não apenas eventualmente, mas também na ordem de escrita, como um livro.
Vamos também permitir novamente a participação dos internautas, num regime de postagem mediada. Assim, durante alguns meses teremos novamente a presença pública de Alberto Guzik entre nós. Ainda que póstuma, virtual e por interposta pessoa ( no caso da mediação dos comentários.)
É um jeito de demonstrarmos na prática a importância e a influência do pensamento de Alberto Guzik. E de matarmos um pouco das saudades.